Fisioterapeuta explica que retirada de enxertos para operações nos joelhos enfraquece a região da coxa; entenda a complexidade do caso
Nova lesão de Éder Militão
A recente lesão que afastará o zagueiro Éder Militão dos campos por um período estimado de quatro meses tem origens mais complexas do que um simples acidente durante uma partida. Embora o incidente ocorrido contra o Celta de Vigo tenha sido o fator desencadeador, o histórico médico do atleta teve um impacto significativo na gravidade de sua situação atual. O defensor do Real Madrid foi diagnosticado com uma ruptura do bíceps femoral, que envolve também o tendão proximal, o que caracteriza um quadro clínico mais complicado que demanda atenção especial.
Histórico cirúrgico e risco de novas lesões
De acordo com João Barboza, fisioterapeuta e especialista pela Sonafe Brasil, o passado cirúrgico de Militão, que inclui intervenções nos dois joelhos, aumentou consideravelmente a probabilidade de ocorrer um episódio como este. A explicação para esse fenômeno está relacionada à anatomia e à biomecânica do corpo humano. Durante diversas cirurgias de reconstrução ligamentar do joelho, é comum que os médicos retirem o enxerto necessário da região posterior da coxa, exatamente onde Militão sofreu a lesão mais recente.
Barboza alerta que esse procedimento cirúrgico prévio eleva em quase 50% o risco de novas lesões na área doadora quando o atleta retorna à prática de esportes de alto rendimento. Isso ocorre porque a musculatura, que já foi manipulada em cirurgias anteriores, torna-se mais vulnerável a rupturas quando submetida a estresse extremo.
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Conheça toda a ColeçãoDinâmica da lesão no futebol
O momento em que Militão se lesionou é um exemplo claro dessa sobrecarga muscular. O futebol exige movimentos rápidos e bruscos, e o zagueiro estava em velocidade máxima antes de precisar parar abruptamente. Barboza explica que, durante um sprint, a carga sobre os músculos da parte posterior da coxa pode aumentar em até 80%. Para agravar a situação, Militão sofreu um leve empurrão no tronco instantes antes de sentir a dor, resultando em uma combinação letal de desequilíbrio e força excessiva, a qual frequentemente causa esse tipo de ruptura.
Tempo de recuperação e características da lesão
Outro aspecto crucial que determina o longo prazo de recuperação, estimado em quatro meses, é o tipo de tecido envolvido na lesão. Ao contrário de um estiramento muscular comum, a lesão em questão atingiu o tendão. Essa estrutura apresenta uma irrigação sanguínea inferior à dos músculos, o que faz com que sua cicatrização ocorra de forma muito mais lenta. Lesões que envolvem o tendão podem levar de dois a seis meses para se curar completamente, dependendo da gravidade do dano.
Protocolo de reabilitação
Neste momento, o protocolo de reabilitação de Militão focará na cautela absoluta. O especialista enfatiza que a equipe médica precisa expor o atleta de forma gradual aos movimentos de aceleração e desaceleração. O risco de recidiva é elevado se o retorno às atividades for feito de maneira precipitada. Estudos indicam que cerca de 30% dos jogadores acabam sofrendo novas lesões ao voltarem a jogar após uma lesão anterior. Portanto, o objetivo principal da reabilitação não se limita apenas a aliviar a dor; é fundamental blindar o corpo de Militão para que ele consiga suportar a intensidade do futebol europeu sem enfrentar novos contratempos.
