Bruno Gomes: A trajetória do atacante brasileiro no futebol indonésio
Destaque em Semen Padang
Bruno Gomes, um atacante brasileiro de 29 anos, conhecido pelo apelido de "novo Pato", encontrou seu espaço no futebol indonésio ao desempenhar um papel crucial na manutenção do Semen Padang na primeira divisão. Após uma carreira que o levou a várias partes do Brasil e da Europa, ele se destacou na Indonésia, superando desafios significativos, como o calor intenso e a culinária apimentada do país.
Chegada à Indonésia
A chegada de Bruno Gomes à Ásia não ocorreu sem dificuldades. Após passar meses sem clube desde sua saída da Albânia, o jogador iniciou uma nova fase de sua carreira em janeiro de 2023 com um objetivo claro: evitar que o Semen Padang fosse rebaixado. “Fiquei uns cinco, seis meses em casa, esperando a melhor opção. Quase fui para Malta uma época, mas resolvi não fechar, financeiramente não me agradava tanto. Depois de um tempo, surgiu a oportunidade de vir para a Indonésia. Viemos para um projeto de salvar o clube para não cair para a segunda divisão. Conseguimos. Tive bons números. Fiz os meus gols, minhas assistências. Pude contribuir bastante”, afirmou Bruno em entrevista ao Terra.
Contribuição para a equipe
A missão de Bruno Gomes foi cumprida com sucesso, pois ele conseguiu marcar oito gols e fornecer quatro assistências em 16 jogos, o que garantiu a permanência do Semen Padang na elite do futebol indonésio. Sua performance em campo rendeu-lhe a camisa 10 da equipe, mas ele prefere não se considerar um herói, optando por dividir os méritos com seus companheiros que, juntos, transformaram o ambiente no vestiário.
Desafios fora de campo
Apesar de seus números positivos, a adaptação à vida em um país distante de casa não foi fácil para Bruno Gomes. Ele enfrentou o calor intenso e o estilo de jogo, que se mostrou mais acelerado e menos técnico do que estava acostumado. “É um futebol que me surpreendeu. Eu esperava menos para o que é. É bem legal, é um campeonato bem competitivo. O nosso campeonato aqui na Indonésia não é um campeonato que é certo quem vai ser o campeão”, observou o atacante.
Além dos desafios em campo, a mudança na alimentação trouxe dificuldades para sua família, que enfrentou problemas de saúde durante a primeira semana na Indonésia. “Para mim, foi mais tranquilo. Mas a minha esposa e as crianças tiveram um pouco mais de dificuldade com a alimentação, é muito diferente. A comida é muito apimentada. É muito tempero, muita coisa na comida. A galera que chega aqui normalmente passa mal, dá diarreia, vai para o hospital, fica internado. Passei mal também, mas eu nunca tive frescura. Eu tive problema na primeira semana. Uns dois, três dias. Mas depois passou”, relembra sobre sua adaptação ao novo ambiente.
Relação com os torcedores
Atualmente, Bruno Gomes desfruta de uma relação próxima com os torcedores na cidade de aproximadamente 900 mil habitantes, onde ele tem se sentido bem-vindo. “A torcida aqui é muito legal, porque é da cidade. Todo mundo te conhece. Você vai ao mercado, a galera quer tirar foto, a galera fica te olhando. Você se sente jogadorzão. Eles mandam mensagem no Instagram, às vezes falando bem, às vezes dando aquela cornetada normal. Mas é muito próximo, eu acho muito legal”, destaca sobre a interação com os fãs.
Carreira antes da Indonésia
Antes de se estabelecer na Indonésia, Bruno Gomes teve uma trajetória repleta de expectativas no futebol brasileiro. Durante seu tempo nas categorias de base do Internacional, ele foi comparado a Alexandre Pato devido às suas características como jogador. “A gente vem da base [do Internacional], cria aquela expectativa, como eu fazia muito gol. O meu estilo de jogo é mais ou menos o mesmo. Eu sou um centroavante, mas eu não sou aquele centroavante fixo, que gosta de ficar batendo cabeça com o zagueiro o tempo todo. Eu gosto mesmo de me movimentar, de fazer a infiltração, fazer o facão. O Pato era um centroavante, mas era um cara de mais mobilidade, de mais qualidade técnica. Acho que é mais por esse lado aí”, relembra as comparações que o marcaram.
Mesmo com todas as expectativas criadas e tendo conquistado o troféu do Campeonato Gaúcho de 2015, o atacante nunca teve a oportunidade de jogar pela equipe profissional do Internacional. Ele deixou o clube em 2017 por meio de uma disputa judicial, após passagens por empréstimos para o Genoa, na Itália, e Estoril, em Portugal.
Experiência na Itália
Na Itália, Bruno Gomes teve uma experiência importante ao ser treinado por Gian Piero Gasperini. Ele destacou o lado humano do treinador, que é conhecido por sua rigidez, mas que também demonstrou empatia com seus jogadores. “Ele estava sempre perguntando para mim como é que era, como é que eu estava me sentindo, quando que eu ia poder jogar. Ele é um cara muito rigoroso, muito sério. Mas ele tinha essa abertura e essa facilidade também. Como eu era mais novo, eu tinha 18 para 19 anos, foi a primeira experiência, eu acho que ele teve essa paciência”, compartilha Bruno sobre a relação com Gasperini.
A experiência na Itália também foi marcada por treinos intensos, que exigiram muito do atacante. Ele não foi inscrito a tempo para participar de competições profissionais e, por isso, não teve a chance de estrear oficialmente pela equipe. “O dia a dia era intenso. Era treino italiano, correria brava. Eu fiquei uns 10 dias, só correndo. O preparador físico falava que tinha que primeiro correr para depois jogar. Eu passava mal, porque eu não estava acostumado com isso no Brasil”, detalha sobre os desafios enfrentados durante os treinos na Itália.
Com essa bagagem acumulada ao longo de sua carreira, Bruno Gomes busca manter seu alto nível de desempenho no futebol indonésio, com a esperança de um dia retornar a testar suas habilidades nas principais ligas do futebol mundial.