Despedida do Estádio Giuseppe Meazza
O Estádio Giuseppe Meazza, popularmente conhecido como San Siro, está em vias de uma despedida significativa. A Prefeitura de Milão, em uma decisão recente, aprovou a venda da histórica arena para os dois principais clubes da cidade, Milan e Internazionale. Os clubes agora têm planos de construir uma nova estrutura, moderna e com padrão mundial, que terá capacidade para 71,5 mil torcedores. A expectativa é que essa nova arena seja inaugurada em 2031.
Votação e Transação
A votação realizada pelo conselho municipal de Milão, na última terça-feira, definiu o futuro do estádio com um resultado apertado, contabilizando 24 votos a favor e 20 contra. O valor acordado para a transação da venda do San Siro foi de 197 milhões de euros, o que equivale a cerca de R$ 1,2 bilhão.
História do San Siro
O San Siro foi inaugurado em 1926 como o estádio do Milan e, posteriormente, foi vendido à cidade em 1935. Desde 1947, a arena é compartilhada com o Internazionale. Ao longo de quase um século, o estádio recebeu jogos memoráveis, contou com a presença de craques lendários e proporcionou momentos marcantes na memória do futebol mundial.
Momentos Icônicos no San Siro
1. Despedida de Carlo Ancelotti
Em 1992, o San Siro foi o local da despedida de Carlo Ancelotti como jogador profissional. Na época, ele tinha 32 anos e realizou sua última partida pelo Milan contra a seleção brasileira, que se tornaria sua equipe de trabalho anos depois. A despedida, no entanto, não foi vitoriosa, já que a seleção brasileira venceu por 1 a 0, e Ancelotti não conseguiu marcar, tendo apenas uma bola na trave. Apesar do resultado, o italiano foi aplaudido de pé pelo público, em reconhecimento a suas contribuições ao futebol italiano.
2. Pelé brilha no San Siro
O lendário Pelé, ídolo do futebol brasileiro, também deixou sua marca no San Siro. Uma de suas passagens pelo estádio ocorreu durante a Copa Intercontinental de 1963, quando o Santos conquistou o bicampeonato. Na partida de ida da final contra o Milan, Pelé anotou dois gols. Anos depois, em 31 de outubro de 1990, Pelé retornou ao San Siro para um amistoso em comemoração aos seus 50 anos, vestindo a camisa 10 da seleção brasileira em um jogo contra um combinado do "Resto do Mundo". Carlo Ancelotti fez parte da equipe adversária, que era composta por jogadores de várias nacionalidades. Além de Pelé, outros brasileiros que brilharam no San Siro incluem Kaká, Ronaldo, Ronaldinho e Adriano, que, ao defenderem Milan ou Inter, encantaram os torcedores com gols decisivos e atuações memoráveis.
3. Finais da Champions League
O San Siro consolidou sua reputação como um dos principais palcos de decisões europeias, sediando finais emocionantes da Champions League. As edições mais recentes ocorreram em 2001 e 2016, e ambas foram decididas de maneira dramática. Em 2001, a final entre Bayern de Munique e Valencia terminou empatada em 1 a 1 no tempo normal. A emoção se estendeu para a disputa de pênaltis, onde o Bayern saiu vitorioso, conquistando seu quarto título ao vencer por 5 a 4. Quinze anos depois, em 2016, o San Siro foi novamente o cenário de uma final, desta vez entre Real Madrid e Atlético de Madrid. O jogo terminou empatado em 1 a 1, e o Real Madrid tornou-se campeão ao vencer por 5 a 3 nas cobranças de pênaltis, adicionando sua 11ª taça à galeria.
4. Copas do Mundo
O San Siro também foi um dos estádios que recebeu partidas da Copa do Mundo nas edições de 1934 e 1990, ambas realizadas na Itália. Após o torneio de 1934, que foi vencido pelos anfitriões, o estádio passou por obras de expansão que aumentaram sua capacidade e modernizaram sua estrutura. No Mundial de 1990, o estádio recebeu a abertura da competição, onde a Argentina, campeã da edição anterior, surpreendeu ao perder por 1 a 0 para Camarões, que avançou às quartas de final pela primeira vez na história.
5. A foto histórica de San Siro "em chamas"
Um dos momentos mais emblemáticos da história do San Siro ocorreu durante as quartas de final da Champions League de 2004/05, em um confronto entre Inter e Milan. O Milan já tinha uma vantagem de dois gols acumulada na partida de ida e estava vencendo o segundo jogo por 1 a 0 quando um gol da Inter foi anulado pelo árbitro. Essa decisão provocou uma reação explosiva dos torcedores da Inter, que lançaram sinalizadores e rojões no campo. Um dos artefatos atingiu o goleiro Dida, do Milan, levando à paralisação imediata do jogo. Os jogadores se retiraram para os vestiários por cerca de 20 minutos, retornando ao campo com a expectativa de que a partida fosse retomada. No entanto, a intensidade dos rojões e a fumaça tornaram impossível a continuidade do jogo. Nesse momento de tensão, o fotógrafo Stefano Rellandini registrou uma cena que se tornaria histórica: Marco Materazzi encostado no ombro de Rui Costa, enquanto ambos observavam o estádio que parecia estar "em chamas".