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Paulo Otávio Compartilha a Chegada de Firmino ao Al Sadd e Curiosidades sobre o Catar

por futebolpress
Paulo Otávio Compartilha a Chegada de Firmino ao Al Sadd e Curiosidades sobre o Catar

Trajetória de Paulo Otavio no Futebol

Vida no Catar

Paulo Otavio, atleta de 30 anos, atualmente vive o que descreve como um “paraíso”, jogando pelo Al Sadd e residindo no Catar. Para alcançar seu status de ídolo no Oriente Médio e ter a oportunidade de jogar ao lado de craques renomados, o lateral-esquerdo brasileiro enfrentou diversos desafios e percorreu diferentes caminhos no mundo do futebol até conquistar seu espaço.

“É uma experiência única como ser humano e atleta. Esse período está sendo lindo para mim e minha família. São conquistas importantes na vida de um jogador e na vida do ser humano, tanto dentro quanto fora de campo. A gente tá muito feliz”, declarou o jogador, natural do interior de São Paulo, em uma conversa com o Terra.

Início da Carreira e Desafios

Antes de ser reconhecido como o melhor lateral da liga catariana nas duas últimas temporadas, Paulo Otavio enfrentou dificuldades significativas, especialmente no início de sua carreira. A escassez de oportunidades em clubes brasileiros como Athletico-PR, Coritiba, Santo André, Paysandu e Tombense o levou a tomar a decisão de se mudar para a Europa. Aos 21 anos, ele não hesitou, arrumou suas malas e partiu sem olhar para trás. Seu primeiro clube no continente europeu foi o LASK, da Áustria, onde teve seu encontro com o treinador que mudaria sua trajetória: Oliver Glasner. Após um rebaixamento para a terceira divisão da Alemanha com o FC Ingolstadt, o técnico austríaco apostou no potencial do brasileiro.

“Nos tivemos um descenso naquele ano e eu não poderia jogar a terceira divisão. Comecei a pensar no que iria fazer. O meu telefone toca e é o Oliver Glasner, um cara que foi fundamental na minha carreira. Ele primeiro me mandou uma mensagem, estava escrito dessa maneira: ‘O momento é difícil. Sei que é doloroso. Mas você tem uma cláusula no seu contrato e eu vou acioná-la. Você quer vir para o Wolfsburg?’”, relembra Paulo Otavio.

O jogador não hesitou e aceitou o convite para vestir a camisa do tradicional clube alemão por quatro temporadas. Ao término de sua passagem pelo Wolfsburg, o lateral demonstrou novamente seu valor, assim como havia feito anteriormente com Glasner. Naquela época, sua equipe estava em negociação com clubes da Espanha, Inglaterra, Rússia e Alemanha para a próxima etapa de sua carreira. No entanto, uma lesão acabou impactando essas negociações, fazendo com que muitos interessados se afastassem. O único clube que permaneceu interessado foi o Al Sadd, como ele recorda.

“Faltavam uns seis ou sete jogos para acabar o ano e eu estava conversando com um ‘zilhão’ de equipes. Mas eu me machuquei em um domingo à noite, e, na segunda-feira, todo mundo desapareceu. O único que realmente não sumiu nesse meio tempo foi o Al Sadd. E aí, claro, financeiramente era uma proposta totalmente diferente das outras”, explica sobre sua decisão de ir para o Catar.

Experiência no Catar

Ao chegar ao Catar, Paulo Otavio encontrou a qualidade de vida que esperava. Além do ambiente favorável para sua família, o lateral começou a vivenciar um lado mais luxuoso do futebol, incluindo o pagamento das chamadas ‘bichos’, que são premiações por resultados e desempenhos além do salário normal.

“Para eles, é dever a gente passar o carro em todo mundo. Então, é um jogo ou outro que vão dar prêmios significantes. Foi uma coisa que eu nunca tinha vivido ainda. A gente precisava ganhar o jogo pra abrir uns 15 pontos e ficarmos perto do título. Estávamos jogando fora de casa, contra o Al-Wakrah, era um jogo relativamente difícil. Foi 0 a 0 no primeiro tempo, o treinador foi falar, aí o cara apareceu no vestiário e falou: ‘peraí, agora que faço eu’. Ele falou que eram US$ 20 mil (R$ 108,5 mil) para ganhar o jogo”, recorda o jogador.

No entanto, a promessa do dirigente não parecia ter contagiado todo o time da mesma forma que impactou Paulo Otavio. “Eu entrei no segundo tempo pensando ‘nossa senhora, do nada, vou ganhar R$ 100 mil. Logo de cara saiu um pênalti e a gente errou. Não precisava fazer muita coisa, só um golzinho e a gente ganhava R$ 100 mil. Mas empatou, e o empate para eles é igual derrota”, relembra o lateral, que, mesmo sem ter recebido a premiação, conquistou o título da liga naquela temporada.

Parceria com Roberto Firmino

No cenário de grandes nomes que atuam no Campeonato Catariano, destaca-se a chegada de Roberto Firmino, ex-jogador do Liverpool e da Seleção Brasileira, ao Al Sadd na última janela de transferências. Antes de a negociação ser formalizada, os rumores sobre a possível contratação de Firmino dominaram as notícias, e Paulo Otavio tornou-se alvo de perguntas sobre o assunto. Embora ele tentasse evitar buscar respostas, acabou descobrindo de maneira inesperada que o craque se tornaria seu companheiro de equipe.

“Todo mundo estava me perguntando se o Firmino viria. Eu ainda estava no Brasil, não sabia e ninguém tinha falado nada. Mas aí ele me seguiu no Instagram. Na hora, eu falei: ‘Ele vem’. Não ia me seguir do nada. Segui ele de volta e mandei [mensagem]. Daí ele me falou que na quinta chegaria”, contou o lateral.

Com Firmino ao seu lado, Paulo Otavio deseja continuar conquistando títulos no Catar. Desde sua chegada ao país em 2023, ele já conquistou o bicampeonato da Liga Catariana, uma Copa do Emir e uma Copa do Catar.

Vida Pessoal e Adaptação

Quando recebeu a proposta para atuar no Catar, Paulo Otavio considerou as implicações para sua família. A preocupação sobre como seria a liberdade de sua esposa e filha no país foi um ponto importante. No entanto, uma visita a Doha mudou sua perspectiva.

“A primeira coisa que eu pensei foi que tenho a minha esposa, e a minha filha estava a nascer na época. Como seria? Se eu vou com duas mulheres em casa, eu tô indo pro mundo árabe, que é totalmente voltado para as mulheres não poderem fazer tal coisa. Por isso, o clube me levou ao Catar antes de assinar contrato, pra eu conhecer tudo e poder decidir. E, quando conheci tudo, mudei meu pensamento: ‘isso aqui tem que dar certo. Se não der certo, eu tô conhecendo o paraíso e não vou poder entrar’”, explicou o lateral.

Após três anos vivendo no Catar, ele tem a certeza de que suas preocupações eram infundadas: “É óbvio, minha esposa não vai poder andar com um shortinho curto, não vai andar com uma regata. Mas ela pode andar normalmente, como se estivesse no Brasil ou na Europa. Não precisa do véu na cabeça, não precisa de nada disso”.

Mesmo sem a necessidade de seguir algumas normas, Paulo Otavio valoriza a cultura local e acredita que respeitar os costumes é uma forma de conquistar o respeito dos habitantes do país. Durante o Ramadã, por exemplo, as equipes ajustam seus horários de atividades para se alinhar ao jejum islâmico. Embora não siga rigorosamente as normas em sua casa, o brasileiro faz questão de respeitar os costumes locais da melhor forma possível, inclusive evitando beber água durante suas corridas pela cidade.

“Querendo ou não, tem trabalhadores ali, no sol de rachar. Eles estão ali sofrendo e você vai tomar sua aguinha aqui. É uma maneira de respeitar eles também. Você pode até fazer, mas eu acho que é uma tremenda falta de respeito com eles, e você pode, por exemplo, tomar uma multa do governo”, destacou o lateral, que, apesar de estar feliz e adaptado ao Catar, ainda mantém o desejo de se destacar no futebol brasileiro. “Voltar ao Brasil é o único sonho que me falta realizar. Mas eu também não quero voltar com 37 anos só para acabar a carreira. Se eu tiver que voltar, quero conquistar alguma coisa ainda. Poder ajudar, não quero voltar só para ser um bom jogador para vestiário. Se eu perceber que está virando para esse lado, acho que eu não voltaria”, concluiu.

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